Mariana Sallowicz
A falta de mão de obra especializada tem sido um dos principais gargalos para o crescimento da indústria brasileira de móveis. A alternativa encontrada pelo setor foi a contratação de mulheres para cargos antes tradicionalmente ocupados por homens, como marceneiro, pintor e operador de máquinas.
"Os jovens, em geral, não querem trabalhar na indústria de móveis, preferem informática ou mecânica. A mão de obra feminina tem sido uma alternativa e vem crescendo muito", afirma José Luiz Diaz Fernandez, presidente da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário).
Segundo ele, as empresas têm até mesmo preferido a contratação de mulheres por considerá-las mais estáveis. "Elas faltam menos no emprego do que os homens, são responsáveis e não chegam atrasadas", diz.
A Demóbile Móveis, com sede em Arapongas (PR), tem atualmente 207 mulheres no quadro de funcionários que totaliza 600, ou 34,5%. "Há dois anos, essa proporção era menor, de 20%. Além disso, elas trabalhavam em cargos não ligados à produção. Isso mudou e a tendência é de o percentual evolua ainda mais nos próximos anos", afirma a diretora industrial Denise Martinez.
De acordo com a executiva, a ideia de contratar mão de obra feminina veio da necessidade. "Tínhamos que aumentar a produção, mas não havia funcionários suficientes para isso."
Na indústria Inusitá, também em Arapongas (PR), o mesmo ocorreu. "Inicialmente, fazíamos a contratação somente para a área de acabamentos, na qual elas ia melhor do que os homens por serem mais detalhista", fala o gerente industrial Marcos Benedito.
Com o tempo, outros setores demandaram novas contratações e a empresa decidiu testar funcionárias que já estavam na companhia e se destacavam em seus cargos. "Elas foram mostrando que conseguiam ter o mesmo rendimento dos homens, daí passamos a abrir processos de seleção para mulheres de fora também". Hoje, a Inusitá tem 89 homens e 53 mulheres entre os empregados.
Gabriel Teixeira/Divulgação/Movelpar
Roseli Aparecida Hess, 34, deixou o cargo de vendedora no comércio para trabalhar na indústria
COMÉRCIO X INDÚSTRIA
A operadora de máquinas Roseli Aparecida Hess, 34, deixou o comércio, após cinco anos trabalhando como vendedora, para trabalhar na Star Plast, fabricante de acessórios para móveis. "Minha irmã já trabalhava na empresa e me indicou. Achei que poderia me adaptar e deu certo. Não queria mais trabalhar com meta de vendas e lidar com público é complicado", afirma.
Após um ano e cinco meses no cargo, Roseli conta que o número de colegas mulheres vem crescendo. "As empresas estão dando mais espaço para nós. Isso é positivo porque a indústria oferece melhor benefícios trabalhistas."
Para que as funcionários se tornem aptas às funções, as empresas oferecem cursos de treinamento. "Passam pela supervisão de funcionários mais experientes. O cargo de pintora, por exemplo, exige dez dias de treinamento intensivo. Somente depois disso, começam a trabalhar na função. Elas recebem a noção básica e a prática vem com o tempo", diz Wanderley Vaz de Lima, sócio-proprietário da Star Plast, que já tem mais mão de obra feminina do que masculina, 160 mulheres e 50 homens.
Fonte: Folha de São Paulo
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